O tráfico de escravos transatlântico e a expansão da fronteira na amazônia sul-ocidental

Reginâmio Bonifácio de Lima

Resumo

Há vários milênios deslocamentos populacionais têm sido presenciados e registrados na Amazônia. Embora a escravização de “pessoas negras” seja um dos temas mais estudados da história do Brasil, as problemáticas e os estudos da escravização de negros africanos para as terras da Amazônia normalmente se debruçam sobre a segunda metade do século XVIII e a atuação da Companhia Geral de Comércio do Grão Pará e Maranhão, pouco explorando as ações do sistema escravagista e o comercio de seres humanos produzidos em outros períodos da história amazônica. Nosso objetivo neste trabalho é propiciar uma visão panorâmica da escravização de “pessoas negras” nas terras brasileiras, com ênfase na Amazônia Sul-Ocidental que, no século XX, se convencionou chamar de Acre. O método de pesquisa bibliográfica da história social foi utilizado para examinar as referências existentes sobre a escravidão na Amazônia bem como o as informações disponibilizadas pelo Banco de Dados do Tráfico de Escravos Transatlântico.

Palavras-chave

Acre, Amazônia Sul-Ocidental; estruturas escravagistas; expansão da fronteira; tráfico de escravos

Texto completo:

PDF

Referências

ALBUQUERQUE, Wlamyra; FRAGA FILHO, Walter. Uma história do negro no Brasil. Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais; Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006.

ALCHORNE MM, de Abreu MA. Dermatoses na pele negra. In: Rotta O. Guia de dermatologia: clínica, cirúrgica e cosmiátrica. Barueri: Manole; 2008.

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O Trato dos viventes. Formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

ASSIS, Marcelo Ferreira de. Tráfico atlântico, impacto microbiano e mortalidade escrava. Rio de Janeiro, c. 1790-c. 1830. Rio de Janeiro: Dissertação de Mestrado, UFRJ, 2002.

BARBOSA, Benedito Carlos Costa. Em outras margens do Atlântico: tráfico negreiro para o Estado do Maranhão e Grão-Pará (1707-1750). Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do Pará, Belém, 2009.

BARBOSA, Rui. Obras completas. Volume XXXVIII, tomo I. Fundação Casa de Rui Barbosa: Rio de Janeiro, 1911.

BRASIL. Lei n°. 2.040, de 28 de setembro de 1871 (Declara de condição livre os filhos de mulher escrava que nascerem desde a data desta lei, libertos os escravos ...). Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/lim2040.htm. Acesso em 22 de abr. 2022.

BRASIL. Lei n°. 3.270, de 28 de setembro de 1885 (Regula a extincção gradual do elemento servil). Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/LIM3270.htm. Acesso em 22 de abril de 2022.

BRASIL. Lei n°. 3.353, de 13 de maio de 1888 (Declara extinta a escravidão no Brasil). Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/lim3353.htm. Acesso em 22 de abril de 2022.

BRASIL. Lei n°. 581, de 4 de setembro de 1850 (Estabelece medidas para a repressão do tráfico de africanos neste Império). Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/lim581.htm. Acesso em 22 abr. 2022.

CALMON, Pedro. História Social do Brasil: Espírito da Sociedade Colonial. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1937.

CANCLINI, N. G. Culturas híbridas. São Paulo: Edusp, 2000.

CARNEIRO, Eduardo de Araújo. “A Fundação do Acre”: um estudo sobre comemorações cívicas e abusos da história. 2014. 467 p. Tese. (Doutorado em História Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo. 2014.

CARREIRA, António. As Companhias pombalinas de navegação, comércio e tráfico de escravos entre a costa africana e o nordeste brasileiro. Bissau: Centro de Estudos da Guiné Portuguesa, 1969.

CHAMBOULEYRON, Rafael. “Escravos do Atlântico equatorial: tráfico negreiro para o Estado do Maranhão e Pará (século XVII e início do século XVIII)”. Revista Brasileira de História, São Paulo, vol. 26, nº 52, 79-114 (2006).

CUNHA, Euclides da. A margem da história. Porto: Lello Brasileira. 1967.

CUNHA, Euclides da. Um paraíso perdido. Rio Branco: Fundação Cultural do Estado do Acre, 1998.

DIAS, Manuel Nunes. Fomento e Mercantilismo: A Companhia Geral do Grão Pará e Maranhão (1775-1778). Belém, UFPA, 1970.

FERNANDES, Jorge. Negros na Amazônia acreana. Rio Branco: Edufac, 2012.

FERRARINI, Sebastião Antonio. Rio Purus: história, cultura, ecologia. São Paulo: FTD, 2009.

FERREIRA, Manoel Rodrigues. A ferrovia do Diabo. São Paulo, Melhoramentos, 2005.

FERREIRA, Roquinaldo Amaral. Dos sertões ao Atlântico: tráfico ilegal de escravos e comércio lícito em Angola, 1830-1860. Rio de Janeiro: Dissertação de Mestrado, UFRJ, 1996.

FITZPATRICK T.B.. The validity and practicality of sun-reactive skin types I through VI. Arch Dermatol. 1988; 124: 869-71. Disponível em https://jamanetwork.com/journals/jamadermatology/article-abstract/549509. Acesso em 14 jun. 2021.

FLORENTINO, Manolo. Em costas negras: uma história do trá- co de escravos entre a África e o Rio de Janeiro (séculos XVIII e XIX). São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

GARCIA, Jesus M. El pensamiento y los argumentos sobre la esclavitud en Europa en el siglo XVI y su aplicación a los indios americanos y a los negros africanos. Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 2000.

GIANNOTI, Vito. História das lutas dos trabalhadores no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad, 2007.

GLISSANT, Édouard. Introdução a uma poética da diversidade. Juiz de Fora (MG): UFJF, 2005.

GRUZINSKI, S. O pensamento mestiço. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

IBGE. Expectativa de vida dos brasileiros aumentou mais de 40 anos em 11 décadas. Disponível em https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-08/ibge-expectativa-de-vida-dos-brasileiros-aumentou-mais-de-75-anos-em-11. 2016. Acesso em 22 abril 2022.

LEVI-STRAUSS, Claude. Tristes trópicos. Tradução de Rosa Freire D’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

MAESTRI, Mário. Cisnes Negros – uma história da Revolta da Chibata. São Paulo: Moderna, 2000.

MATTOS, Hebe Maria. A escravidão moderna nos quadros do Império Português: o Antigo Regime em perspectiva. In: BICALHO, Maria Fernanda; FRAGOSO, João; GOUVÊA, Maria de Fátima (orgs.). O Antigo Regime nos trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (século XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

NEVES apud SILVA, Italva Miranda da. Terreiros de Candomblé na Amazônia Acreana: Lutas e solidariedades na construção de territórios e identidades. 2009. 124 p. Dissertação (Mestrado em Letras: Linguagem e Identidade) Ufac, Rio Branco, 2009, p. 23).

PEREIRA, Ana Margarida. A escravidão na doutrina da igreja: temas e questões em debate da antiguidade à época moderna In: Revista Escritas do Tempo – v. 1, n. 3, nov/2019-fev/2020 – p. 8-33. Disponível em: . Acesso em 02 fev. 2021.

PINHEIRO, Luís Balkar Sá Peixoto. Na contramão da história: mundos do trabalho na cidade da borracha (Manaus, 1920-1945). In: Canoa do Tempo: Revista do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Amazonas, vol 1, n° 1 (2007). Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2007a.

PINHEIRO, Maria Luísa Ugarte. Nos meandros da cidade: cotidiano e trabalho na Manaus da borracha, 1880-1920. In: Canoa do Tempo: Revista do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Amazonas, vol 1, n° 1 (2007). Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2007b.

PLAUTO apud BAUMAN, Zygmunt. Vida em fragmentos – sobre a ética pós-moderna. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2011.

REIS, Arthur Cezar Ferreira. O negro na empresa colonial dos portugueses na Amazônia. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA DOS DESCOBRIMENTOS. Actas. Lisboa: Comissão Executiva das Comemorações da Morte do Infante Dom Henrique, v. V, II parte, p. 347-353, 1961.

RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 23 reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

RODRIGUES, Jaime. De costa a costa: marinheiros e intermediários do tráfico negreiro de Angola ao Rio de Janeiro (1780-1860). São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

SALLES, Vicente. O Negro no Pará: sob o regime da escravidão. 3ª Ed. Belém: Instituto de Artes do Pará, 2005.

SANTOS, Diego Pereira. Entre Costas Brasílicas: o tráfico interno de escravos em direitura a Amazônia, c. 1778 - c. 1830. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do Pará, Belém. 2013.

SILVA, Francisco Bento da. Do Rio de Janeiro para a Sibéria tropical: prisões e desterros para o Acre nos anos 1904 e 1910. In: Revista Tempo e Argumento, vol. 3, núm. 1, p. 161-179, 2011.

SILVA, Leonardo Dantas (org.). Estudos Sobre a Escravidão Negra. Recife: Massangara, Fundação Joaquim Nabuco, 1988.

SILVA, Marley Antônia Silva da. A extinção da Companhia de Comércio e o tráfico de africanos para o Estado do Grão-Pará e Rio Negro (1777-1815). Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do Pará, Belém. 2012.

SLAVEVOYAGES. Comércio Transatlântico de Escravos - Base de Dados. Disponível em https://www.slavevoyages.org/voyage/database#tables. Acesso em 22 de abr. 2022.

VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.

Apontamentos

  • Não há apontamentos.
-->
Tema: Mpg. Customizado por: Articloud